"O helicóptero fazia muito barulho e vinha a descer de lado. Quando olhei pensei logo: eles vão cair e não vão escapar. Foi mesmo um milagre não terem morrido", disse ao CM Sofia Espalha, 67 anos, uma das testemunhas do acidente. A equipa no helicóptero, da empresa Heliportugal, sediada em S. Domingos de Rana, Cascais, preparava-se, pelas 09h00, para dar conta do trânsito na Margem Sul, cerca de uma hora depois de terem descolado da base, em Tires.
Luís Barbosa e Marisa Ribeiro foram assistidos no local, e depois transferidos para o Hospital Garcia de Orta, em Almada, de onde já tiveram alta. "Estavam assustados mas o seu estado não inspirava preocupações. Apesar de conscientes, ainda nos explicaram o acidente", disse José Raimundo, chefe de operações dos bombeiros do Seixal, ao final da manhã. "Quando recebemos o alerta imaginámos o pior cenário até por tudo o que está à volta deste local", acrescenta. Junto ao campo de oliveiras, normalmente utilizado por moradores para caminhadas, está um supermercado e, a 300 metros, a A2, onde àquela hora passavam milhares de condutores. Durante toda a manhã estiveram no local vários peritos do Instituto Nacional de Aviação Civil para averiguar as causas do acidente.
RISCO DE EXPLOSÃO ASSUSTA MORADORES
Desde o primeiro momento das operações de socorro que a preocupação foi evitar a explosão do aparelho. E, por isso, foi criado um perímetro de segurança, de forma que se isolasse o helicóptero. O primeiro procedimento foi cobrir o aparelho de espuma utilizada para evitar a deflagração – neve carbónica.
"O helicóptero ficou estável e não representava perigo", disse o chefe José Raimundo. Vários moradores, no local, estavam preocupados com as consequências de um incêndio. "O aparelho não chegou a arder, mas o depósito de combustível estava quase cheio, o que fez com que a nossa preocupação fosse maior. No entanto, o depósito estava isolado e facilitou as operações", adiantou o chefe Raimundo.
Junto ao campo de oliveiras onde o helicóptero caiu, havia ainda uma zona residencial. "Ficámos muito assustados. Podia ter ardido e passar para o lado das nossas casas. Já foi uma sorte os ocupantes terem escapado. Apesar de tudo, acabou por correr tudo bem", afirmou ao nosso jornal Emília Matos, uma das moradoras da zona.
TRINTA BOMBEIROS EM OPERAÇÕES DE SOCORRO
O alerta aos bombeiros foi dado perto das 09h00. Para o local foram desde logo enviados cerca de 30 bombeiros para prestar os primeiros socorros. "Tivemos a preocupação de manter no local todos os meios que considerávamos necessários perante aquele cenário", disse ao CM o chefe José Raimundo, dos bombeiros dos Voluntários do Seixal. Além disso, foram encaminhadas para o local uma VMER e mais duas ambulância para o transporte dos dois feridos.
PSP REFORÇOU-SE NO LOCAL PARA TRAVAR CURIOSOS
Durante toda a manhã de ontem foram vários os curiosos que se juntaram em Corroios, no Seixal, para verem o helicóptero que foi obrigado a uma aterragem de emergência. Presente no local, a PSP do Seixal foi mesmo obrigada a recorrer a um reforço policial. Por isso, foi chamada uma Equipa de Intervenção Rápida para impedir que as pessoas passassem o perímetro de segurança imposto pelos bombeiros.
HELICÓPTERO BATE RECORDE MUNDIAL NO EVEREST
O helicóptero AS 350 B3, da série Eurocopter, modelo que ontem se despenhou, entrou para a história mundial em 14 de Maio de 2005, ao tornar-se no primeiro a aterrar no topo do monte Evereste, a uma altitude de 8850 metros, o que constitui um recorde mundial. Esta aeronave é considerada uma das melhores a voar em altitude e em condições com temperaturas bastante elevadas.
DISCURSO DIRECTO
"PILOTOS SÃO QUALIFICADOS", António Valente, Piloto de helicópteros
Correio da Manhã - Quais os riscos de pilotar um helicóptero?
António Valente – Neste tipo de voos a baixa altitude é preciso ter uma atenção permanente a antenas, cabos de alta tensão, árvores ou mesmo aos pássaros.
– Qual deve ser o comportamento do piloto?
– Normalmente, defendem-se reduzindo a velocidade, em alguns casos até o helicóptero ficar praticamente suspenso no ar.
– Em caso de emergência, como se deve proceder?
– Nestes voos, e com pouca visibilidade, o piloto tem uma área de aterragem muito mais reduzida. Em caso de avaria, aconselha-se uma descida em auto-rotação, em que o piloto controla o helicóptero até ao local indicado.
– A experiência do piloto é fundamental?
– Sem dúvida. Mas eu conheço a maioria dos pilotos em Portugal e posso garantir que são altamente qualificados, conscientes e experientes.
Fonte: CM
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