sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Bombeiros do Beato em quartel decrépito




Nem as pinceladas, remendos com pladur ou a habilidade de alguns bombeiros para a electricidade ou carpintaria conseguem mascarar a realidade: o quartel dos Bombeiros do Beato não tem ponta por onde se pegue. Quando chove são eles que precisam de ajuda.
Ainda recentemente, quando a capital foi atingida por grandes chuvadas, os homens escalados para pernoitar no quartel, para ficarem de prevenção, foram também eles vítimas da intempérie.
A água entrou e molhou os colchões e cobertores de quem estava a dormir no chão. E dormiam no chão, porque não há, naquelas instalações, outro local para pernoitar. As camaratas são exíguas, tal como tudo o resto nas antigas cavalariças do Palácio do Conde de Lafões, onde estão sedeados desde 1932, altura da fundação.
"Naquele tempo, as cavalariças até poderiam ter algum luxo, mas agora seguramente que não. Isto é indigno para animais, quanto mais para pessoas", queixa-se Isolino Amarante, presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários do Beato e Olivais.
Isolino Amarante assumiu a direcção em Outubro de 2009 e encontrar um novo quartel transformou-se num "cavalo de batalha", até porque, diz, nos últimos dois anos, estiveram sempre acima das seis mil saídas e apoiaram o combate aos incêndios do Verão.
Recorda que, no ano passado, a Câmara de Lisboa aprovou, por unanimidade uma proposta dos vereadores do movimento "Lisboa com Carmona", a qual reconhecia que o quartel não tinha quaisquer condições e propunha que as instalações fossem transferidas para um edifício situado junto ao Palácio da Mitra, que já acolheu um posto municipal de bombeiros.
Já este mês, numa reunião descentralizada, Isolino Amarante chamou novamente a atenção do executivo para o problema. "Saí de lá sem respostas concretas", lamentou, acrescentando que o vereador responsável pelo pelouro da Protecção Civil, Manuel de Brito, está a par da situação.
"Nós não queremos luxos, apenas funcionalidade", frisou o presidente da corporação, sublinhando que o espaço junto ao Palácio da Mitra é suficientemente grande para acolher também as viaturas, que estão actualmente estacionadas na via pública.
A pedido dos bombeiros, a Câmara chegou a ceder, a título precário, um barracão para que a corporação pudesse guardar algum material de apoio, mas os dois botes semi-rígidos acabaram furados com facas e uma ambulância foi brutalmente vandalizada.
"Para se ser bombeiro no Beato é preciso gostar e ser o melhor dos bombeiros. Ninguém quer estar nestas situações", reconhece, por sua vez, Mário Ribeiro, comandante da corporação.


Fonte: JN

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