Serão a primeira corporação de bombeiros a ter um quartel com a assinatura do arquitecto Álvaro Siza Vieira. E uma casa-escola circular - a torre costuma ser quadrada -, outro imensurável orgulho para os "Vermelhos", nome pelo qual os Bombeiros Voluntários de Santo Tirso ficaram conhecidos, por contraponto cromático à corporação dos Tirsenses, os "Amarelos", surgida posteriormente.
O quartel "é a nossa maior aspiração", desabafa o primeiro comandante, Joaquim Souto, aliviado por as obras estarem, agora, no terreno, após anos de avanços e recuos. "Há muitas coisas que queríamos fazer e não podemos porque estamos limitados em termos de espaço", aponta, exemplificando: "Este quartel não tem um espaço para praticar Educação Física, que é uma coisa imprescindível".
E, nos exíguos 400 metros quadrados da velha sede da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Santo Tirso, inaugurados em 1934, por altura do 56º aniversário da instituição, não cabem camaratas femininas, uma oficina, uma sala de formação nem, tão pouco, as viaturas da corporação, sendo que quase metade da frota tem de ficar aparcada na rua.
Com mais do que o triplo da área actual, a nova casa resolverá a maior dificuldade da corporação: os 1400 metros quadrados do quartel vão albergar as tão ansiadas valências em falta.
Erguido num terreno com 3800 metros quadrados pertencente à Quinta de Geão e doado pela Câmara de Santo Tirso, o edifício ficará situado na Rua do Arco, junto à Biblioteca Municipal e perto da EN104. A obra, orçada em 1,1 milhões de euros (com financiamento europeu de 70%), ficará pronta em meados de 2011.
Mas, para lá de um quartel que entrará para a história da arquitectura portuguesa como o primeiro - e, até agora, o único - desenhado por Siza Vieira, os Voluntários de Santo Tirso orgulham-se de uma história secular, cuja génese os leva a figurar nas primeiras 15 associações de bombeiros do país.
Inscritos nos 132 anos de vida desta corporação contam-se episódios da rivalidade que outrora marcaram as relações com a corporação concorrente, surgida há 80 anos, de uma ruptura no seio dos "Vermelhos", e baptizada de "Amarelos", nome pelo qual ficariam conhecidos os Voluntários Tirsenses.
Nos livros de memórias reza, ainda, uma invulgar parceria com uma instituição cultural que resultou na construção do actual quartel: no primeiro andar, o amplo e elegante salão nobre da associação, foi construído de forma a funcionar como sala de espectáculos, sendo, até, dotado de balcão. "Este quartel teve uma actividade cultural muito grande", recorda Joaquim Souto.
Fonte:JN
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