domingo, 16 de outubro de 2011

Bombeiro vive há dois anos no quartel

                                         Foto: Maria João Marques

Jorge Campos tem 23 anos e está a viver há dois no quartel dos Bombeiros Voluntários do Porto. O jovem bombeiro não tem condições financeiras para pagar um alojamento: está desempregado e recebe 189,52 euros de rendimento social de inserção (RSI). É o apoio dos colegas que o tem ajudado a sobreviver. "Comprometi-me a fazer voluntariado e serviços nos bombeiros em troca de estadia", explica Jorge.
Natural de uma família de Barcelos "ausente e problemática", Jorge andou em colégios internos desde os quatro anos. Em 2008, decidiu entrar para os bombeiros. Um ano depois, teve de sair do colégio que frequentava. "No centro de emprego havia pedidos de socorristas e motoristas para os bombeiros. Como já tinha o curso de bombeiro completo, fiquei aqui 11 meses como socorrista", explica.
Durante a semana, Jorge almoça num centro de dia da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso. À noite e ao fim-de-semana tem de pagar as refeições, muitas vezes com a ajuda dos colegas, como é o caso de Paula Silva. "Também recebo o RSI e o meu marido também é voluntário nos bombeiros, mas temos família que nos ajuda. O Jorge não tem ninguém, a não ser os bombeiros e a direcção", explica Paula.
As dificuldades de Jorge Campos aumentaram quando o contrato de trabalho nos bombeiros chegou ao fim, três meses antes do prazo. "Como ainda era dado como activo no sistema informático do centro de emprego, suspenderam-me o RSI", explica o jovem. "Aceito qualquer proposta de trabalho, mas tenho de garantir alojamento. Por exemplo, não posso fazer formação e depois vir para os bombeiros dormir à noite. Eles não me podem estar sempre a sustentar", diz.

Fonte: CM

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