quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ministro admite falha no combate aos incêndios

O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, admitiu que o dispositivo de combate a incêndios teve dificuldade em actuar nos dias de Verão em que ocorreram mais de 350 fogos.
Numa audição parlamentar conjunta das Comissões de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas e de Poder Local, Ambiente e Ordenamento do Território, Rui Pereira afirmou que o sistema está preparado para responder satisfatoriamente até 250 fogos por dia.
«Este ano provou-se que o sistema está preparado para ir até 350 ignições por dia, mas foi aí que as dificuldades começaram, com dias em que ocorreram 400 e mesmo 500 ignições», afirmou o ministro.
Rui Pereira considerou que, «mesmo assim, a resposta [do dispositivo de combate a incêndios florestais] foi muitíssimo competente».
Questionado pelos deputados da oposição sobre a grande quantidade de reacendimentos que ocorreram, Rui Pereira justificou que «quando há muitas ocorrências ao mesmo tempo não é possível dar tanta atenção» aos fogos em rescaldo para evitar que se reacendam.
A lição a tirar da época de incêndios é a importância de «manter a disponibilidade de meios humanos e materiais», afirmou, argumentando que «não houve qualquer exagero no investimento neste sector».
Na audição, pedida pelo PCP e Bloco de Esquerda, o deputado comunista Agostinho Lopes questionou os «recursos escassos» do dispositivo de combate aos fogos e afirmou que «o principal problema é a falta de investimento na prevenção estrutural».
Rita Calvário, do Bloco de Esquerda, questionou também que a fatia maior do investimento vá para o combate e não para a prevenção e apontou «falhas de coordenação do dispositivo, a nível local e municipal».
Pelo PSD, Pedro Batista Santos afirmou que «ainda há muito por fazer» e criticou a queda de «3,7 por cento» das verbas previstas no Orçamento do Estado para 2011 para a Autoridade Nacional de Protecção Civil.
Rui Pereira reconheceu que a Autoridade Nacional de Protecção Civil e a existência de um comando único de todas as forças de combate a incêndios é uma estrutura «muito complexa», mas afirmou que «funcionaram bem».
Quanto à descida de verbas destinadas à Autoridade Nacional de Protecção Civil, Rui Pereira afirmou que se trata de uma redução «no orçamento inicial mas não no orçamento executado», para o que se conta também com os fundos europeus do Quadro de Referência Estratégico Nacional.
Abel Baptista, do CDS-PP, afirmou que o dispositivo «não está oleado» e indicou que existem «falhas graves na estrutura», criticando ainda que a entrega de 78 viaturas de bombeiros às corporações do país só vá começar esta semana, quando os concursos foram lançados há três anos.
O ministro justificou a demora na entrega das viaturas de bombeiros com os «trâmites legais» do concurso que foi preciso seguir.
Rui Pereira afirmou ainda a necessidade de apostar mais na prevenção estrutural e no estímulo ao voluntariado nas corporações de bombeiros.


Fonte: TVI 24

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